NAMORO: INÍCIO DE UMA VOCAÇÃO
O namoro é certamente uma das mais significativas experiências da vida humana. Trata-se de amar e ado, acolher e ser acolhido e eleger e ser eleito, oro é o início de um futuro, de um ideal e de vocação. Em outras palavras, pelo namoro entra-se destino das pessoas, nas suas opções e intenções. 0 namoro é um tempo chamado hoje, mas com para o amanhã. Começa aqui a preparação para "o de ser esposo(a), de assumir a paternidade e r definitivamente a vida com alguém.
Se o “amor é a verdade do homem” e dá as chaves para a compreensão do mundo e da vida, então o namoro é um tempo de conhecimento de si, saída e doação de si. É um tempo de crescimento, sofrimento e amadurecimento da personalidade, dos valores e dos ideais. Namorar não é dormir juntos, mas acordar e viver juntos acordados, ou seja, namoro é diálogo, confidência e conscientização. É uma etapa de preparação para o casamento.
Vivemos uma cultura da satisfação e do imediatismo que transforma o namoro em passatempo, camaradagem, companheirismo e até mesmo em parceria erótica. Que pena. Que ilusão. Que frustração. No namoro, deve-se falar mais alto o coração que o instinto, o que significa dizer que o conhecimento um do outro não passa, necessariamente, pelo sexo. A liberdade sexual de nossa época acabou criando uma "nova opressão”. As pessoas sentem-se obrigadas a consumir o prazer, são pressionadas pelo erotismo e lhes parece estranho não transar. Nossa civilização está doente e as grandes vítimas são os jovens. O corpo é apenas uma das dimensões da sexualidade humana; onde ficam os sentimentos, as emoções, o coração, a ternura e o amor?
Namoro é troca de pensamentos, de sentimentos, de valores e de espiritualidade. É preciso aprender a domesticar os instintos com vistas ao desenvolvimento da personalidade, visto que o sexo eufórico e fácil é falso. Ninguém morre por falta de sexo, mas ninguém pode viver sem o afeto, a ternura e o amor. Quem se entrega ao prazer acaba na morte. Nossas pulsões precisam ser equilibradas para não virar tédio.
Namorar não é “aproveitar a juventude”, mas semear na juventude para colher amanhã. No namoro já se inicia a educação dos futuros filhos e o alicerce da família. O padre João Mohana (psicólogo e médico) apresenta os “dez mandamentos do namoro”:
- Não namorar cedo demais, pois isso leva ao erotismo, ciúmes e brigas por falta de assunto e de ideal.
- Não isolar-se da família, dos amigos e da comunidade.
- Evitar os encontros diários, mesmo pelo telefone, para não desgastar o relacionamento. Bastam os encontros de fins de semana.
- O namoro não deve ser curto demais, nem longo demais. Pelo menos dois a três anos.
- Não prejudicar os estudos, a religião e a família.
- Não imitar a moda e os costumes dos outros, mas ter coragem de ser diferente.
- Não é necessário, nem é mais importante o sexo, mas sim o amor.
- Não namorar para fugir de casa, nem pelo medo de sobrar, ou porque todo mundo faz.
- Namoro não é fazer um programa, mero companheirismo, parceria, mas tempo de conhecimento, crescimento e aprofundamento das pessoas.
- Cronograma do namoro: conversar livre; diálogo mais profundo sobre o assunto iluminado por uma leitura; manifestação de carinho e a despedida com uma oração.
Dom Orlando Brandes, Arcebispo de Aparecida
Extraído do livro: “Amigos da Família”, Ed. Paulus